Visando trazer informações para os gestores das Escolas de Educação Infantil e das demais escolas pertencentes ao Sistema Municipal de Ensino de São Leopoldo sobre plantas tóxicas nos espaços em que circulam os alunos, compartilhamos esta matéria da Revista Ciências Hoje.
Reconhecendo o perigo
Estudo
identifica presença de plantas tóxicas em diversas escolas públicas municipais
do Rio de Janeiro. Pesquisadoras garantem que ensinar os alunos a reconhecer as
espécies é uma forma eficaz de prevenir acidentes.
Por:
Camille Dornelles
Publicado
em 15/07/2013 | Atualizado em 15/07/2013
Espada-de-são-jorge
(esq.) e comigo-ninguém-pode (dir.) são espécies muito comuns em locais
públicos por sua boa adaptação ao clima e solo brasileiros e seu baixo custo,
mas representam grande risco para crianças. (fotos: ICICT/ Fiocruz)
Em várias
escolas do Rio de Janeiro, plantas tóxicas estão ao alcance das crianças, sem
qualquer restrição. Foi o que constatou uma pesquisa feita por um trio de
pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Elas visitaram 69 escolas
públicas municipais cariocas entre 2008 e 2010 e notaram que 58 delas possuíam
pelo menos uma espécie de planta tóxica – e não sabiam disso.
Foram
identificadas 23 espécies de plantas venenosas das mais variadas origens e características.
Espada-de-são-jorge, jiboia e comigo-ninguém-pode foram as mais encontradas:
estavam presentes em mais de 27 escolas.
Foram
identificadas 23 espécies de plantas venenosas das mais variadas origens e
características
A
estatística Rosany Bochner, pesquisadora da Fiocruz e uma das autoras do
estudo, explica: “São espécies muito comuns em espaços públicos porque estes
geralmente seguem projetos paisagísticos baseados na estética, adaptação ao
solo e custo.” Como essas plantas são baratas e se adaptam facilmente ao clima
e solo brasileiros, estão entre as preferidas da jardinagem.
Mas
poucas pessoas sabem que essas espécies podem causar irritações na mucosa do
trato digestivo, inchaço na língua e lábios, edemas e até insuficiência renal.
“Mesmo os adultos não sabiam que aquelas plantas eram venenosas”, comenta
Bochner. A equipe, da qual também fazem parte a engenheira sanitarista Judith
Tiomny Fiszon e a bióloga Maria Aparecida de Assis, destaca que a falta de
informação é uma das principais razões para a ocorrência de intoxicações.
Diante
dessa situação preocupante nas escolas, a equipe garante que a educação é a
melhor saída. Bochner sugere que os professores ensinem as crianças a
identificar as espécies. “Se a escola possui uma planta venenosa, não deve
eliminá-la ou escondê-la dos alunos, e sim aproveitar para apresentá-la e
explicar suas propriedades.”
Segundo
as pesquisadoras, ao apresentar as plantas tóxicas para as crianças, o
professor está prevenindo acidentes também fora da escola. “Conhecer as
espécies deve ser a medida preventiva principal. Mas também é importante
ensinar a não manusear as plantas ou aparas podadas e deixá-las fora do alcance
de crianças e animais”, adverte o trio.
Ameaça aos pequenos
Existem
no mundo centenas de espécies vegetais que produzem veneno e causam intoxicação
e irritações ao serem ingeridas ou entrarem em contato com a pele.
Estudo
feito pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas em 2010
mostrou que as maiores vítimas de casos de intoxicação por plantas são as
crianças de até 10 anos. Esse grupo responde por 63% dos casos de intoxicação,
o que indica a necessidade de atenção redobrada dos educadores que trabalham
com essa faixa etária.
Ao final
do levantamento das plantas tóxicas, as pesquisadoras criaram um cartaz e um folder
com informações sobre as nove espécies mais comuns e os distribuíram nas
escolas que participaram do estudo. Em junho, a equipe lançou um livro-catálogo
com informações sobre as 23 espécies encontradas, suas partes tóxicas e
sintomas da sua ingestão e de seu contato com a pele.
A
publicação Plantas tóxicas ao alcance de crianças: transformando risco em
informação, da editora Vital Brazil, será distribuída gratuitamente para as
escolas municipais do Rio de Janeiro pelo Instituto Vital Brazil e vendida aos demais interessados pela editora Rio Books. “O
nosso objetivo é que o livro seja usado pelos professores para conscientizar os
alunos”, ressalta Bochner.
Camille Dornelles
Ciência Hoje das Crianças On-line
Fonte:
http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2013/07/reconhecendo-o-perigo